domingo, 4 de outubro de 2009

Senhor! (Poesia)

Luís Campos (Blind Joker)

Esta poesia fiz em Goiânia, num quarto de hotel, após o médico haver dito que, para eu voltar a enxergar, só com a ajuda de Deus.
Isto aconteceu após a quarta e última cirurgia a que me submetera.
Eu chorava bastante e escrevia. Estava sozinho. Nelita, a amiga que me levava para almoçar, me acompanhava ao hospital e ficava toda a tarde comigo, já havia ido pra casa. Foi uma noite terrível!
Não sei como ela conseguiu ler o que eu escrevera, pois as lágrimas caíam sobre o papel enquanto eu escrevia.
Mas tudo passou, como tudo que é ruim na vida... e eu fui à luta!
No dia seguinte já estava dançando em plena Loja Americana com esta amiga, sem ligar para os clientes que nos olhavam divertidos!
Assim sou e serei sempre: alegre, brincalhão, racional e realista!

Esta poesia foi escrita em 13 de janeiro de 1990. Vamos a ela!

Senhor!
Já não ando mais sozinho,
vejo pedras em meu caminho,
dependo da mão de alguém...

Não desejo pra ninguém,
isto que aconteceu comigo,
porém Cristo é meu amigo,
vai me devolver a visão...

É nesta escuridão que vejo,
quem me ama realmente,
seja irmão, amigo ou parente,
que agora me dá a mão...

Mas a pior cegueira da terra,
é daquele que no peito encerra,
o ódio ao seu irmão!

Perdoa a eles, Senhor,
eles não sabem o que fazem
e por mais que aos outros maltratem,
o Senhor já os perdoou...

Continuo sorridente e feliz,
pois a vida assim quis,
provar a minha coragem...

Senhor!
Dê ao mundo muita paz,
pois a humanidade jamais,
saberá viver o amor!

Senhor!
Eu mereço tamanha provação?
Sou bom filho, bom pai, bom irmão,
por que sofro este castigo,
se de todos sou bom amigo,
um honesto cidadão?

Senhor!
Teria eu provocado sua ira?
O Senhor dá e agora tira,
faz-me falta minha vista...

Passo minha vida em revista,
nada descobri para merecer esta dor tão cruel...

Senhor!
Mostra-me onde errei,
pois jamais eu saberei,
o motivo desta dor...

Senhor!
Perdão por meus desatinos,
não mereço este destino,
perdão... seja pelo que for!

Senhor!
A natureza é tão bela,
como poderei viver sem ela?
Sem ver o azul do céu,
sem ver o verde do mar
e da noite, o doce véu?

Senhor!
Perdão pelo que não fiz,
se hoje estou infeliz,
amanhã rirei desta dor...

Senhor!
Se eu mereço isto,
pelas chagas de Jesus Cristo,
não me deixe perder seu amor...

Senhor...
Perdão, Senhor!

FIM

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