quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Pegadas de Sangue

Eram quase onze horas da manhã quando o telefone da delegacia tocou.
Ao atendê-lo, Dick desejou que fosse a comunicação de um crime para
colocar um pouco de movimento naquele dia monótono.
Era sua esposa. Ele desligou o telefone, avisou aos colegas que
precisava ir em casa e saiu apressadamente.

Quando o policial chego à cozinha de sua casa, a cena que viu não era
a que esperava ver no dia do seu aniversário.
Havia sangue pelo chão que ia até a porta dos fundos, bem como nas
paredes e no azulejo da pia, sobre a qual repousava uma peixeira ainda
com a lâmina suja de sangue.
O fogão estava quente, comprovando que fora usado há pouco e havia uma
panela sobre uma das grelhas com cerca de um litro de sangue dentro.

Dick, acostumado com cenas semelhantes, apenas pegou o celular e ligou
para a delegacia, enquanto observava que as pegadas no sangue tinham o
tamanho do pé de sua esposa.
Em questão de minutos uma viatura parou diante de sua casa e dela
desceram o delegado, o perito, o escrivão e um policial.

- Dick, Dick - gritou o delegado -, onde você está?

- No quintal, Doutor Baretta! Entrem! - gritou Dick em resposta.

Os policiais entraram na casa e passaram pela cozinha, deixando no chão
mais algumas pegadas de sangue e saíram no quintal, sem demonstrarem
em seus semblantes os sentimentos que iam em seus corações, afinal,
cenas com sangue são comuns na rotina de um policial.

Os quatro policiais aproximaram-se do regato que cortava o quintal da
casa do amigo e, surpresos, o viram agachado junto à esposa, com uma
faca na mão, ajudando-a a depenar três galinhas que seriam o almoço
daquele dia e para o qual Dick os convidara.

- Oba! Hoje tem galinha ao molho pardo no almoço! - exclamou o perito.

FIM

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